Pela Cidade - Tempo ao próximo

Por Raul Tartarotti*

O Dia Mundial dos Pobres foi instituído no final do Ano de Misericórdia 2016, para incentivar a cultura do amor ao próximo, e a prática do amor aos pobres.  O dia escolhido foi 15 de novembro,  já passou, mas a mensagem deixada não; o Papa Francisco publicou um texto com o seguinte título: "Estende a tua mão ao pobre".

Nessa mensagem, Francisco disse que durante a pandemia, muitas mãos generosas se estenderam para os doentes e aflitos: mãos de médicos, enfermeiros, familiares dos doentes, sacerdotes, voluntários; e tantas outras, que se voltaram para a busca do alívio, de muito sofrimento alheio. A pandemia pode ter chegado de surpresa, mas o ensinamento não, e os dois seguem firmes, um lá fora, e o outro depende de você.

As figuras políticas que nesse mesmo dia se elegeram, para um exercício de quatro anos, deveriam incluir apoio incondicional a esse tema, já que foram eleitas para encontrar melhores soluções ao povo de sua cidade. O Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti (2020) expressou: " A solução para os grandes problemas do mundo, como a pobreza, é a fraternidade e a amizade social, para construir um mundo melhor, pacífico e com mais justiça".

Assim propôs a todos, que voltem suas atenções, aos que nada tem, muito sofrem, e penam por clamor, a você e aos novos políticos. "Há muitas mãos estendidas e prontas para apertar o teclado dum computador, e deslocar somas de dinheiro duma parte do mundo a outra, decretando a riqueza de restritas oligarquias, e a miséria de multidões"; foi o que disse Dom Odílio Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo.

Por vezes, iniciamos nossas ações, a partir das reflexões dos sábios, para a prática diária de nosso cotidiano, seja no lar, ou fora dele, mas tudo por um tempo que escolhemos que dure a nosso gosto, ao nosso viés de escolha. 

"Pense no que você deixa de ser, sendo o que é.  Talvez não há nada a perder, assim como não há nada a ser deixado para trás" (Cristiano Machado Amoroso).

Somos o que é possível, dentro do tempo que temos.  Mas o que é o tempo afinal, senão um pedaço de existência?  Ele não tem natureza própria, nem sequer pode ser medido pelos sentidos.  Essa dúvida dignifica o momento, mas não define seu tamanho.

O sábio da Bíblia, tem um conselho pra te ajudar a entender o tamanho do tempo: "Em todas as tuas obras, lembra-te do teu fim" (Eclesiástico 7,40). Talvez nos ajude a medir o valor de nosso tempo, e de quanto você vai dedicar dele, para aquele evento ou indivíduo que você tiver mais apreço, ou escolhido pelos seus olhos.  

De qualquer forma, não se esqueça de estender sua mão hoje, e ajudar quem clama; amanhã, com essa mesma mão, você também vai necessitar se apoiar em alguém, pra tentar caminhar.

*Escritor, Cronista, Eng. Biomédico e Pesquisador - rault@terra.com.br