Pela Cidade - Seu reflexo no espelho


Foto: Stock Snap/Pixabay

Por Raul Tartarotti*

Nas cavernas, nossos antepassados tinham proteções extras além das pedras. Era o silêncio, a contemplação do nada, e o escuro das vidas, que ainda estavam por acontecer. Talvez se não tivéssemos tido tanta curiosidade e nos aventurado a sair lá fora, o preço teria sido bem menor. A ignorância dos avanços, nos faria muito atrasados, porém seríamos aos milhares ainda vivos, e sem bichos estranhos a nos comer por dentro.

A embriaguez da liberdade nos atrai para um rumo sem volta. Quem sabe nossa natureza, de desejar não voltar, nos leve ao fim, ao cabo, de nossa existência. Não creio que haja um eterno encontro com o novo, muitos males acabam se repetindo.

Possuímos uma base biológica frágil, pois no final de nossas vidas, quando não nos gastamos, esgotamos nossa fonte de energia.  Que os Deuses nos perdoem, mas por vezes não faz sentido quase o respirar, mesmo nas mãos desse presente, que é a vida mundana.

A Antroposofia, criada por Rudolf Steiner, propôs em 1900, um caminho em busca da verdade, que preencheria o abismo entre a fé e a ciência. Ele definiu um rumo para o conhecimento, e pra guiar o espírito do ser humano. Imagino que chegaríamos a um estado contemplativo até flutuarmos.

Dessa forma, poderíamos conseguir desviar da próxima arma biológica, que poderá nos dizimar. Quanto próxima está?  E nas mãos de quais geniais, espertos, gananciosos pelo poder e dinheiro, haverão de vazar?

Como as armas biológicas que dizimaram muitos no holocausto judeu, outro gás sarim pode vir a luz através de meios modernos, e talvez, mais fáceis de engolir como um comprimido.

Nos estragamos e depois engolimos um remédio amargo, que acaba por fritar nossos órgãos vizinhos, com dor inclusa.

Lamentável conclusão de projeto pelo qual estamos sentados, assistindo incapazes de algum ato contrário. Ou você se envolve em algum plano de desvio para o pensar criativo, ou se torna alvo da próxima bala biológica de origem desconhecida.

Quem arriscaria imaginar a fonte desse comprimido? Terra, água ou ar? Você não tem pra onde correr, apenas escolher o lado e receber o tiro. Mas na outra face da ciência dizimadora, fabricam-se agulhas carregadas de remédio aquoso, que promovem o reforço dos exércitos da imunização. 

Já perdemos muitas batalhas, ceifaram-se vidas cegas e teimosas, muitos morrem de ignorantes, outros levam a própria vida com uma aparente sapiência.

Somos complexos demais, avançamos muito para jogarmos fora a ciência que encontramos, e voltar atrás. Agora já estamos posicionados no front da próxima bomba biológica. Insistimos em ser felizes, em buscar mais e com presteza. O óbvio seria a construção de prevenções contra possíveis dores e mortes anunciadas.

Mas de óbvio a humanidade não foi construída, o banal não existe em nossa ciência; o fato é que somos o peixe da vez, e a rede de gomos finos está em algum armário em mãos levianas.

Aproveite seu tempo, vá pescar um peixe menor que você, ou prefere esperar enquanto seu reflexo no espelho julgue que caminho deva escolher? Se ele decidir que deve andar sempre em linha reta, não vai ter fim, nessa terra que alguns planificaram. Quem sabe um até amanhã seja acalentador. Nos parece uma promessa de certeza que um dia ao menos temos. Amanhã, podemos repetir.

*Escritor, Cronista, Eng. Biomédico e Pesquisador - rault@terra.com.br