Diversidade racial é condição para a transformação social e digital

Lisiane Lemos e Silvio Almeida, expoentes da causa antirracista, estiveram em Porto Alegre contando suas atuações nas estruturas de poder em prol da diversidade


Foto: Marcos Pereira Feijão/Divulgação | Mariana Ferreira dos Santos,Líder do Núcleo Porto Alegre do Grupo Mulheres do Brasil e advogada; KierJoy, Vice-Cônsul do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre; ShaneChristensen é o Cônsul Geral do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre; Lisiane Lemos, advogada, executiva e gerente de novos negócios no Google; Sara Borelli, arquiteta e sócia do Nau Live Spaces e Camila Borelli, CEO e sócia do Nau

Dois nomes essenciais para a compressão dos movimentos antirracistas e em prol da diversidade nas organizações falaram em Porto Alegre, na noite de 14 de dezembro, para um seleto grupo de representantes movimentos sociais, empreendedores e autoridades, em evento promovido pela ODABÁ - Associação de Afroempreendedorismo e a causa da Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo Porto Alegre, sediado no Nau Live Spaces.

A Professora Lisiane Lemos, advogada, executiva e gerente de novos negócios no Google e o Professor Dr. Silvio Almeida, Jurista, consultor e advogado, contaram como suas trajetórias e atuação de destaque no mundo corporativo e jurídico contribuem para a causa, a importância da diversidade para a inovação nas empresas e comentaram casos recentes de racismo ocorridos no país e no mundo. O debate foi mediado pela Líder do Núcleo Porto Alegre do Grupo Mulheres do Brasil e advogada, Mariana Ferreira dos Santos.Apaixonada por criar coisas novas, coma ela mesmo se define, Lisiane trouxe um dado interessante sobre o processo de transformação digital nas empresas, tão falado mundo dos negócios e acelerado pela pandemia. "De todos os processos de transformação digital nas empresas, somente 16% dão certo. E por mais que a gente ache que é a tecnologia que faz a transformação digital, o fato é que o que faz diferença são as pessoas e a cultura da empresa. E cultura forte a gente constrói com diversidade", disse.

Racismo estrutural e institucional

Silvio Almeida completou a ideia falando da importância de se ter pessoas negras dentro dos espaços de poder para a transformação social. Autor do livro "Racismo Estrutural", ele faz questão de pontuar a diferença entre racismo estrutural e o racismo institucional. "Se o estrutura é aquele que permeia toda a sociedade, entranhado nas estruturas de poder, o Institucional é que aquele que não permite que diversos grupos étnicos-raciais estejam em todas as camadas das instituições como legislativo, o judiciário, o executivo, as reitorias das universidades e grandes corporações", explicou. Para ele, esse entendimento é essencial.

Quando perguntados sobre os casos como Jorge Floyd, nos EUA, e João Alberto, no supermercado em Porto Alegre, ambos relatam a dor que sentiram por ver mais um negro sendo morto, mas também alertam para alguns efeitos disso na sociedade. 

"Precisamos de ações concretas que coloquem pessoas negras dentro dos espaços de poder, não basta postar um quadrado negro nas redes sociais. Ao mesmo tempo, esse caso de Porto Alegre fez muitas empresas se darem conta de que não possuem pessoas negras nos seus conselhos de administração, por exemplo. E algumas estão agindo em relação a isso", destacou Lisiane. Almeida ainda comentou sua participação no comitê externo antirracista criado pelo Carrefour. "Entendi que eu tinha que está lá porque minha luta é para evitar mortes e para criar anteparos para proteger a vida das pessoas".

O evento contou com patrocínio do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre e Sonata LeadershipAcademy, além de apoio da Envente Organização de Eventos; Patuá Stúdio; JHS; Exitus; I.Con; Café da República; FL; TV Nação Preta e Reverso Comunicação Integrada.